O registro foi feito em Porto Esperança, distrito de Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Fotógrafo comenta sobre intuito de não interferir na dinâmica fotografada e especialista faz alerta sobre interação entre animais.
Por Renata Barros, g1 MS
16/03/2023 06h00 Atualizado há 4 horas
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Apesar de insistência de cão, iguana conseguiu escapar com vida. — Foto: GuilhermeGiovani/ArquivoPessoal
Em mais um dia de trabalho no Pantanal de Mato Grosso do Sul, o fotógrafo Guilherme Giovani registrou uma sequência de fotos impressionantes de um cachorro tentando caçar uma iguana, em Porto Esperança, distrito de Corumbá (MS). Apesar da dura batalha, a iguana conseguiu escapar e fugir pelo rio.
“O cachorro estava próximo a um pequeno corixo e me chamou atenção o barulho de algo se mexendo na mata, direcionei a câmera e vi o cão surgindo com a iguana na sua boca, ela se soltou mas ele conseguiu em uma ocasião pega lá novamente, mas ela conseguiu fugir e se jogou na água, nadando para longe”, conta Guilherme ao g1.
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Iguana foi valente e conseguiu escapar de cão no Pantanal de Mato Grosso do Sul. — Foto: GuilhermeGiovani/ArquivoPessoal
As imagens foram feitas na sexta-feira (10) e o fotógrafo comenta que o cão ainda tentou recapturar a iguana, mas sem sucesso. “A reação dele foi de perseguir, mas elas são muito rápidas e exímias nadadoras, era praticamente impossível ele recapturar, apesar de ter ficado um tempo farejando o local e depois se retirou calmamente”.
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Guilherme relatou não saber de quem pertencia o cão. — Foto: GuilhermeGiovani/ArquivoPessoal
No início da pandemia de Covid-19, Guilherme, que então era educador físico, decidiu largar a profissão para se tornar fotógrafo. Porém, tendo Corumbá como cidade natal, já fazia registros da “vida real” dos pássaros que têm o Pantanal como morada ou daqueles que passam pelo local em processo migratório.
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Pássaros pantaneiros são protagonistas nas fotos de Guilherme. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal
Acostumado a observar a vida da fauna pantaneira, Guilherme comenta que percebe que os cães que vivem no bioma estão habituados a caçar ou interagir com a fauna nativa. Ele, ao contrário, faz os registros sem interferir na cena.
“Meu trabalho é registrar tudo com o máximo de cuidado e jamais interferir na cena fotografada, por mais forte que seja. Vejo esses registros como uma forma de mostrar às pessoas a dinâmica de vida no Pantanal, assim como estimular a preservação das espécies, estar próximo a essa biodiversidade e passar a mensagem de conscientização é uma imensa satisfação pra mim”, conta.
Especialista alerta
O mestre em Ciências Ambientais, Diego Viana explica que apesar de ser comum por moradores do Pantanal, a presença de cães e gatos domésticos na região pantaneira representa um risco para a fauna local.
“Quando a gente pensa em cachorro e gato doméstico que vão para áreas rurais, a gente sempre tem que destacar que as duas espécies não são silvestres, não são nativas do Pantanal. Apesar de ter no Cerrado, por exemplo, o lobo-guará, ter os outros gatos pequenos silvestres também, mas esses animais domésticos, o cão e o gato. Eles causam um impacto muito grande na fauna local, isso com vários estudos científicos que comprovaram isso”, destaca Viana.
O especialista aponta ainda que em unidades de conservação é recomendado não ter animais domésticos. “Porque eles são caçadores, então eles predam tudo o que eles veem. Nesse sentido é um impacto esses cachorros e gatos estarem em áreas rurais, principalmente pensando aí na beira do rio”, explica.