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Anvisa libera vacina de dose única do Butantan contra a dengue

A aprovação da vacina ocorre após cinco anos de acompanhamento com voluntários do ensaio clínico de fase três encaminhados à Anvisa. (Foto: Instituto Butantan/Divulgação)

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a Butantan-DV, primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo. A liberação ocorre após o Instituto Butantan assinar, nesta quarta-feira (26), o termo de compromisso que antecede a etapa final para publicação no Diário Oficial da União, prevista para os próximos dias.

Em Mato Grosso do Sul, a dengue já provocou 18 mortes e soma 8.319 casos confirmados somente neste ano, números que tendem a crescer com a chegada do verão.

A expectativa do Ministério da Saúde é iniciar a aplicação do imunizante pelo SUS a partir de 2026, dentro do Programa Nacional de Imunizações. A vacina será disponibilizada para pessoas de 2 a 59 anos.

Desenvolvida em parceria entre o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan e o laboratório chinês WuXi Biologics, a Butantan-DV já tinha sua fábrica certificada pela Anvisa. A produção começou no início de 2025, com capacidade inicial estimada em 60 milhões de doses por ano, podendo ser ampliada conforme a demanda nacional.

Os estudos clínicos apresentados pelo instituto mostram eficácia de 79,6% contra casos sintomáticos e 89% contra formas graves da doença. Por ser tetravalente, o imunizante protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.

Atualmente, o SUS oferece apenas a vacina Qdenga, da farmacêutica Takeda, aplicada em duas doses e indicada para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de internações.

A aprovação da Butantan-DV ocorre após um período de números recordes no país. Em 2024, o Brasil contabilizou mais de 5,9 milhões de casos e 6.297 mortes por dengue, segundo o Ministério da Saúde.

Expansão da faixa etária

A vacina é a primeira que pode ser aplicada em apenas uma dose no mundo, tendo potencial de facilitar a adesão do público e a logística da campanha. Os resultados foram descritos em um relatório publicado por pesquisadores do Reino Unido na Human Vaccines e Immunothereapeutics, em 2018.

O estudo apontou que programas de imunização com menos doses estão associados a uma melhor cobertura vacinal e enfrentamento da doença. Agora, a ideia é ampliar a faixa etária de aplicação da vacina tanto para o público infantil quanto para aquele acima de 60 anos.

A Anvisa já concedeu aprovação para avaliar a vacina na população de 60 a 79 anos. Outros dados deverão também ser coletados para avaliar a inclusão das crianças de 2 a 11 anos nas recomendações. Os estudos clínicos já comprovaram que o imunizante é seguro nesta faixa etária.

Em 2024, o Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis de dengue — quatro vezes mais do quem 2023, de acordo com o Ministério da Saúde.

Em 2025, até meados de novembro, foram notificados 1,6 milhão casos prováveis. Desde o começo dos anos 2000, mais de 20 milhões de brasileiros foram acometidos pela doença.

Fonte: Folha de Campo Grande