Ao anunciar a “Missão Ásia”, o governador Eduardo Riedel (PSDB) deixou claro que Mato Grosso do Sul está de olho em um novo reposicionamento geopolítico e econômico. A agenda, que passa por Índia, Japão e Singapura entre os dias 4 e 16 de agosto, não é apenas um esforço técnico para atrair investimentos – é uma sinalização política de que o Estado quer reduzir sua dependência histórica dos Estados Unidos e abrir uma nova frente de exportações com os gigantes asiáticos.
Ao lado de empresários e representantes do setor produtivo, Riedel segue uma linha de atuação que se assemelha à política externa do presidente Lula (PT), que nos últimos anos tem buscado ampliar relações comerciais com os países do Brics e da Ásia. É uma abordagem pragmática, mais conectada aos interesses comerciais do que a alinhamentos ideológicos com o Ocidente tradicional.
“O mercado asiático será o principal destino para exportação de nossos produtos por meio da Rota Bioceânica, e nesta missão serão apresentados projetos importantes na área de infraestrutura, PPPs e atração de investimentos privados”, explicou Riedel durante coletiva na sede da Fiems.
Essa guinada rumo ao Oriente mostra que, mesmo sendo de um partido historicamente ligado à centro-direita, Riedel adota uma diplomacia econômica que rompe com o discurso bolsonarista de hostilidade à China e demais parceiros asiáticos. Pelo contrário: ele enxerga nesses países uma oportunidade estratégica de expansão, sobretudo com a abertura da Rota Bioceânica, que promete ligar o MS aos portos do Pacífico, encurtando caminhos para os mercados asiáticos.
Diplomacia comercial além da ideologia
A missão tem como pilares a apresentação de projetos de infraestrutura, parcerias público-privadas e prospecção de mercados consumidores para os produtos sul-mato-grossenses, sobretudo carne, grãos, celulose e minerais. A movimentação reforça uma mudança silenciosa na política externa regional: menos dependência do eixo EUA-Europa e mais protagonismo em negociações com o Oriente.
Em Singapura, centro logístico e financeiro do Sudeste Asiático, a comitiva pretende mostrar o potencial do MS como um novo hub agroindustrial da América do Sul. No Japão, a expectativa é atrair indústrias de alta tecnologia, enquanto na Índia, o objetivo é apresentar oportunidades em energia renovável e biotecnologia.
O pragmatismo tucano que flerta com o estilo petista
O tom da missão revela um Riedel pragmático, que compreende que o crescimento do Estado passa pela diversificação de parceiros internacionais. Ao mirar o mercado asiático, o governador se distancia da retórica da nova direita brasileira e se aproxima da visão de mundo de Lula: a de um Brasil (e um Mato Grosso do Sul) que dialoga com todos os blocos, sempre com foco na balança comercial.
Mais do que uma viagem institucional, a Missão Ásia é uma estratégia política silenciosa – e bastante eficaz – para colocar o Mato Grosso do Sul no radar dos grandes investidor
Redação Planews
Informações: Correio Campo-Grandense

