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Jovem diz que planejava crime contra padre e alega aliciamento sexual desde a adolescência

Servente de pedreiro, de 18 anos, preso em flagrante pelo assassinato do advogado e padre Alessandro da Silva Lima, de 44 anos, confessou o crime à Polícia Civil. O jovem alega que planejava roubar a vítima, no entanto, acabou matando-a a golpes de marreta na cabeça e facadas no pescoço, na noite de sexta-feira (14), em Dourados. O rapaz alega que era aliciado desde a adolescência para práticas sexuais.

Durante o depoimento, o jovem alegou que conheceu Alexsandro através do ex-cunhado, de 13 anos na época, que também seria uma vítima aliciada. O servente de pedreiro, que tinha 17 anos na época, teria sido chamado para uma prestação de serviço em obra. Porém, não havia trabalho. Ele alega que o padre oferecia de R$ 40 a R$ 100 para sexo oral. Outra revelação seria de que o padre costumava buscá-lo em frente à escola, com o carro roubado no crime, um Jeep Renegade.

O jovem ainda revelou que, no dia do crime, na sexta-feira, combinou o encontro na intenção de roubar o veículo. Ele planejava o roubo há dias e venderia o carro no Paraguai por R$ 40 mil. No entanto, o jovem diz que foi forçado a praticar sexo oral, o que teria motivado a morte. No dia do crime, ele iria receber R$ 50 pelos atos sexuais.

Crime

Revelando os detalhes do crime, ele disse que Alexsandro teria saído para abrir o portão, para receber o adolescente — que também foi apreendido em flagrante —, momento em que o jovem o golpeou com a marreta. Logo, a vítima teria tentado desarmá-lo, mas foi atingida por mais cinco golpes. O jovem descreveu que a vítima teria caído ao chão e ficou agonizando. O adolescente teria entrado na residência e pegado duas facas da cozinha. Então, a vítima foi atingida por facadas no pescoço e no peito.

O jovem disse que a vítima ficou agonizando por mais 10 minutos após as facadas. Logo, ele alegou que pediu uma toalha molhada para tentar sufocar a vítima. Ainda na casa que pertence à igreja, ele teria pedido ajuda do adolescente para enrolar o corpo em um tapete e colocá-lo no porta-malas. Ele teria movido os bancos traseiros do Jeep para inserir o corpo.

O crime teria acontecido durante a noite de sexta-feira. O jovem de 18 anos disse que tomou banho na casa, pois estava sujo de sangue. Ele saiu com o veículo e teria descartado o celular na vítima próximo a um terreno baldio, ao lado do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). Inclusive, a Polícia Civil encontrou o grupo no veículo no momento em que retornavam para recuperar o celular.

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Jovem chorou e disse que se arrepende do crime. (Foto: Reprodução)

Ocultação do corpo

À polícia, ele disse que o adolescente de 17 anos, que foi ao endereço, seria cúmplice na tentativa de vender o carro. Os demais se envolveram no crime na tentativa de desovar o corpo. Ele disse que teria encontrado um segundo adolescente em uma conveniência e revelado que matou Alexsandro. Já as adolescentes, que seriam namoradas, foram chamadas pelo jovem para limpar a casa onde o crime aconteceu.

Após a limpeza, eles teriam rodado com o veículo pela cidade na tentativa de encontrar um local para abandonar o corpo. O jovem revelou que buscou conselho do irmão, que teria ficha criminal, de como descartar o corpo sem suspeitas. Ele disse que o irmão o aconselhou a queimar o veículo com o corpo, mas descartou a sugestão, porque ir a um posto de combustível iria ajudar a identificá-lo.

Ele ainda revelou que estava alcoolizado após sair da conveniência e que preferiu desovar o corpo próximo ao distrito industrial da cidade, na madrugada de sábado (15). Além disso, disse que um pneu do Jeep furou e precisou trocá-lo em uma borracharia.

Por fim, o jovem disse que se arrependeu do crime e que planejava apenas roubar o carro. Disse ainda que o adolescente cúmplice teria roubado os itens da casa. Ele teria sido fichado por violência doméstica antes do latrocínio.

O adolescente negou o envolvimento na morte, dizendo que Alexsandro já estava morto quando chegou à residência e que não sabia do roubo do carro.

Religioso era líder em Douradina

O crime provocou grande comoção em Dourados e Douradina, onde o padre Alexsandro atuava desde 2022. Natural de Eldorado, o sacerdote tinha ampla trajetória na igreja e também era advogado com inscrição ativa na OAB/MS.

Alexsandro já havia sobrevivido a um assalto violento em 2018, quando foi rendido dentro da casa paroquial em Dourados, agredido com coronhadas e trancado em um quarto. Três suspeitos foram presos na época.

Notas de pesar e homenagens

A morte do padre gerou uma onda de homenagens nas redes sociais. A Diocese de Dourados afirmou que “rogará a Deus para acolher a alma do sacerdote e confortar familiares e amigos”. Já a Pascom de Douradina destacou que a dedicação de Alexsandro “deixa uma marca indelével na história da comunidade”.

Fiéis também manifestaram dor e indignação pela violência do crime. O sacerdote foi lembrado como um homem de fé, querido pela comunidade e reconhecido pelas homilias que “tocavam a alma”.

A Polícia Civil segue colhendo depoimentos e reunindo provas para esclarecer completamente a dinâmica do latrocínio e a participação de cada envolvido. O caso permanece em investigação.

Fonte: Midiamax