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Duplo feminicídio: Pai esgana bebê e esposa e põe fogo nos corpos

João Augusto Borges confessou ter matado a esposa e a filha de 10 meses por “não querer sustentar duas mulheres”; brutalidade do crime ocorrido em Campo Grande (MS) revolta o país. As mortes entram para estatística como o 13º e 14 º feminicídios em MS este ano.

Antes mesmo de completar um ano de vida, a pequena Sophie Eugênia Borges, de apenas 10 meses, teve a vida tirada de forma cruel pelo próprio pai, João Augusto Borges, de 21 anos. O crime, ocorrido em Campo Grande (MS), foi classificado como duplo feminicídio, tornando Sophie a 14ª vítima desse tipo de violência em Mato Grosso do Sul em 2025.

João Augusto Borges, com a filha Sophie de 10 meses, que ele confessou ter assassinado esganada na tarde do último dia 26/05. (Foto: Redes Sociais)

O motivo da tipificação dupla – para a esposa, Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e para a filha – se deu não apenas pela relação familiar e o contexto de violência doméstica, mas também pela motivação expressa de gênero. Segundo o delegado Rodolfo Daltro, da Delegacia de Homicídios, João demonstrou desprezo por ambas, dizendo que não queria “sustentar duas mulheres”. Essa frase revela a misoginia subjacente que fundamenta o enquadramento legal como feminicídio.

Execução fria e premeditada
O crime aconteceu na tarde de segunda-feira, 26 de maio, durante o intervalo do trabalho de João, que atuava como estoquista em uma distribuidora de bebidas. Ele assassinou Vanessa por esganadura com a técnica conhecida como “mata-leão”.  Após matar a esposa, o assassino esganou a própria filha, em um ato de extrema crueldade.

Posts nas redes sociais em busca de Vanessa e de Sophie “consideradas desaparecidas”. (Imagens site A Onça)

O horror prosseguiu à noite, quando João comprou gasolina, colocou os corpos em seu carro e dirigiu até uma  rua  sem saída, próximo a uma  área de mata no bairro Núcleo Industrial –  Indubrasil. Lá, em mais uma demonstração de frieza, lançou o corpo de Sophie por cima do corpo da mãe, junto com fraldas e outros objetos da criança, molhou os corpos com o combustível que tinha separado em um galão e ateou fogo. Os corpos foram encontrados ainda em chamas por volta das 23h de segunda-feira.

Confissão e frieza
No dia seguinte, 27 de maio, enquanto a família procurava Vanessa e Sophie pelas redes sociais com informações que teriam ido ao Shopping e ao cinema e não haviam retornado,  João tentou despistar a polícia registrando um falso boletim de desaparecimento. Durante o depoimento, porém, acabou confessando o crime. A investigação também revelou que ele já havia manifestado a intenção de matar esposa e filha dois meses antes, mas o alerta feito por uma testemunha não foi levado a sério na época.

O delegado Daltro afirmou que a forma como o autor narrou os fatos foi “extremamente fria e sem qualquer arrependimento”. A hipótese de surto psicológico foi descartada. “Tudo foi planejado com antecedência, e a motivação era o desprezo por suas vítimas enquanto mulheres. Ele via a esposa como um fardo, e estendeu esse pensamento até a filha”, afirmou o delegado.

Repercussão e comoção
A família de Vanessa planejava a festa de um ano de Sophie, quando foi surpreendida pela notícia da tragédia. Amigos e familiares descrevem Vanessa como uma jovem dedicada à filha e muito tranquila. O caso gerou profunda comoção social e reforçou a necessidade de políticas públicas mais eficazes para proteção de mulheres e crianças em risco.

Denuncie a violência doméstica
A violência contra mulheres e meninas pode ser denunciada anonimamente pelo número 180, disponível 24 horas por dia, em todo o Brasil. Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira também oferece acolhimento, assistência jurídica e apoio psicológico.

Fonte: Folha de Campo Grande