Saída de Eduardo Riedel marca novo capítulo na decadência tucana e consolida avanço do bolsonarismo no Centro-Oeste
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, deve oficializar nos próximos dias sua saída do PSDB, partido que o lançou na política e o elegeu em 2022. Riedel está prestes a se filiar ao Progressistas (PP), legenda comandada por Ciro Nogueira e alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A mudança representa não apenas um movimento estratégico rumo às eleições de 2026, mas também o fim simbólico da era tucana no Executivo estadual — e, mais amplamente, no cenário nacional.
Com a provável filiação ao PP, Riedel será o último governador a deixar o ninho tucano. Desde os anos 1990, o PSDB acumulou protagonismo político no Brasil, elegendo dois presidentes, dezenas de governadores e lideranças parlamentares de peso.
Porém, após sucessivas derrotas eleitorais, crises internas e a ascensão de novas forças políticas à direita, como o bolsonarismo, o partido entrou em acelerado declínio.
A saída de Riedel confirma a debandada de lideranças tucanas rumo a siglas mais conectadas com a base eleitoral conservadora que hoje predomina em boa parte do país, especialmente no Centro-Oeste.
Desde a vitória nas urnas, Riedel tem adotado uma agenda afinada com o agronegócio, políticas de segurança pública e um discurso mais próximo ao bolsonarismo, ainda que evite confrontos diretos com o governo federal.
Fontes próximas ao governador afirmam que a ida ao PP é estratégica: o partido oferece uma base sólida no Congresso, maior tempo de TV e maior musculatura para uma eventual candidatura nacional ou à reeleição com apoio bolsonarista.
Além disso, a sigla busca ampliar sua presença no Centro-Oeste, onde já governa estados como Goiás, com Ronaldo Caiado (União Brasil, mas em diálogo com o PP).
Declínio tucano
O PSDB, que governou São Paulo por quase três décadas, perdeu seu principal reduto em 2022 e não comanda mais nenhum estado. A sigla também viu encolher suas bancadas na Câmara e no Senado, e hoje amarga divisões internas entre os remanescentes do velho “centrismo social-democrata” e alas que buscaram se aproximar da direita populista.
Para analistas políticos, a saída de Riedel é mais um sintoma do esvaziamento do partido. “É o fim de um ciclo. O PSDB perdeu sua identidade no jogo político atual, e os governadores e deputados estão migrando para onde veem viabilidade eleitoral”, avalia o cientista político Paulo Medeiros, da UFMS.
Com a mudança, o governador sul-mato-grossense reforça o avanço do bolsonarismo sobre os antigos redutos tucanos e consolida o PP como uma das principais forças do campo conservador no país.
Reação discreta no PSDB
A cúpula nacional do PSDB, que nos últimos meses tentou conter a sangria com gestos de aproximação de seus quadros históricos, ainda não comentou oficialmente a saída de Riedel. Nos bastidores, a debandada é tratada com resignação.
O movimento deve influenciar também o xadrez eleitoral de 2026 em Mato Grosso do Sul, onde o PP ganha força para lançar candidatos ao Senado e à Câmara Federal, enquanto Riedel tenta pavimentar sua permanência no poder com novas alianças.
Caso confirme sua filiação, Eduardo Riedel será mais um a virar a página do PSDB — uma página que, para muitos, está cada vez mais próxima do ponto final.
Redação Planews
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