Era uma vez um coração frágil, que batia com esforço, mas ainda guardava no peito a esperança de continuar. Os médicos, com sua ciência e promessas de cura, garantiram que ele teria uma chance de continuar pulsando.
“Vamos colocar um stent”, disseram, aquela pequena argola de metal que deveria manter as artérias livres, permitindo que o sangue continuasse a correr.
Mas, por trás da promessa de alívio, havia uma história que o coração não conhecia.
No silêncio da sala de cirurgia, o coração não sabia que estava prestes a receber uma argola vencida, um fragmento de metal que já deveria ter sido descartado.
Era um stent que já havia cumprido seu tempo em outro peito, forçado a oferecer uma segunda vida sem qualquer garantia de eficácia.
Aquela argola enferrujada e sem brilho foi empurrada, centímetro a centímetro, até encontrar sua nova morada nas artérias cansadas e esperançadas.
E o coração, ingênuo e resiliente, acreditou. Nos primeiros dias, até que se esforçou em bater com vigor, crente na promessa de um novo ciclo.
Mas logo as falhas começaram.
O metal antigo começou a ceder, e o sangue, outrora livre, encontrava obstáculos invisíveis, ameaçando parar a qualquer momento. A tragédia anunciada foi tomando forma, lenta e cruel.
Assim, o peito sentia-se traído, carregando uma argola sem vida que não lhe pertencia.
Um coração que deveria ter uma nova chance agora lutava contra o peso da desilusão, da negligência e da ganância.
Uma tragédia dentro do peito, em silêncio, mas gritando por justiça.
Redação Planews: Carlos Gentil Vasconcelos
Informações ” O Jacaré”

