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Filha encara assassinos do pai pela 1ª vez e neta descreve: ‘Dor enorme no peito’

Os dois réus pela morte de Nelson Oguino, de 74 anos, encaram a audiência de instrução e julgamento, onde depõem ao juiz sobre o homicídio qualificado pelo qual respondem, nesta terça-feira (27). Os acusados são os enteados do idoso, de 29 e 39 anos, e confessaram terem matado a vítima porque ela não os queria em casa. O crime ocorreu em abril deste ano, em Aquidauana, mas o vazio que o idoso deixou é a convivência diária da família.

A neta de Nelson, Maria Isabel Oguino contou ao Jornal Midiamax que os meses sem o avô têm sido difíceis. “Meu avô sempre foi muito cuidadoso e carinhoso com a família. Ele não merecia esse fim e isso que dói mais”, afirma. A mãe dela e filha de Oguino, Águida Sávio Gomes Oguino acompanhará a audiência de maneira remota. “Vai ser um momento bem delicado, [ela] está sentindo muitíssimo a perda do pai, porque eram muito próximos”, explica.

Conforme a neta, essa será a primeira vez que a filha de Nelson encara os réus, mesmo que por uma tela. “Talvez minha mãe veja os assassinos, que estarão acompanhados de advogados no presídio”, comenta. A audiência está marcada para as 13h.

Agressivos

Maria Isabel contou que a família já notava comportamento agressivo dos réus. Inclusive, de brigas físicas. “Rodrigo era bem agressivo, tanto nas palavras quanto nas atitudes, não só com meu avô. Quando ele bebia muito, queria ficar às custas do meu avô, que não o queria por perto por causa desses atos”, explica.

Segundo relato dela, o outro irmão, Valdinei, já havia agredido Nelson fisicamente. “Meu avô tentou se defender e a esposa dele – mãe dos assassinos – entrou no meio quando viu que meu avô iria se defender […] Isso ficamos sabendo diretamente do meu avô, no final do ano passado”.

A neta também explica que os irmãos tinham costume de causar confusão até entre eles próprios. Um deles teve que mudar de cidade duas vezes por brigas e a mãe deles teria o costume de deixá-los separados.

“Rodrigo e Valdinei não podiam se ver, pois brigavam […] A mãe deles não queria que eles soubessem um do outro com medo de o pior ocorrer entre eles. Não sabemos o que os levou a voltar a se falar para cometer esse crime horrível juntos”, diz a neta.

Crime brutal

O que também chama atenção no crime é a forma brutal pela qual Nelson Oguino foi morto. Conforme o boletim de ocorrência registrado no dia 13 de abril, o irmão mais velho, Valdinei, segurou a vítima, enquanto o mais novo desferiu diversas cadeiradas no idoso.

O primogênito afirma, ainda, que tentou conter o outro, mas o irmão se desvencilhou, pegou um dos pedaços da cadeira de madeira e continuou as agressões, atingindo a cabeça de Nelson. Depois, desferiram socos e chutes no padrasto.

Os dois fugiram do local e foi a mãe deles, esposa de Nelson, quem encontrou o idoso. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e Nelson, encaminhado para o pronto-socorro. Ele seria transferido para a Santa Casa de Campo Grande em estado grave. Por volta das 9h25 do domingo (14), a esposa da vítima comunicou à polícia o falecimento do marido.

Quanto aos acusados, foram encontrados por equipe da Força Tática deitados em uma calçada com vestígios de sangue. A dupla contou que foi até a casa da mãe, mas Nelson os atendeu e os expulsou do local.

O irmão mais novo ficou em silêncio durante o depoimento à Polícia Civil, enquanto o mais velho negou as agressões. Ele disse que quem agrediu o idoso foi o mais novo e, quando chegou a casa, encontrou Nelson já machucado.

Sonho interrompido

O maior sonho do avô, segundo Maria Isabel, era conhecer os bisnetos e até mesmo os tataranetos. Contudo, foi interrompido pelos suspeitos. “Fica uma dor enorme no meu peito”. A casa da família é rodeada por fotos de Nelson, uma forma de tentar lidar com a ausência deixada pelo avô.

A neta de Nelson Oguino explica que a família quer que as investigações sejam concluídas até o fim. “Não queremos que a história do meu avô caia em esquecimento, pois queremos que seja investigado até o fim, para que todos paguem pelo mal que fizeram ao meu avô e a dor que trouxeram a nossa família”.

A dupla responde por homicídio qualificado por motivo fútil, uma vez que foram motivados pela expulsão de casa, meio cruel, ou seja, espancamento, e recurso que dificultou a defesa da vítima, “pois os denunciados, deliberadamente utilizaram-se de sua superioridade numérica para conter uma vítima idosa para que ela então recebesse os golpes mortais”, aponta a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Os dois foram presos em flagrante e seguem atrás das grades, após terem a liberdade negada pelo juiz Alysson Kneip Duque, durante audiência de custódia no dia 15 de abril.

Fonte: Midiamax